Thomas Merton (31 de Janeiro de 1915-10 de Dezembro 1968) é um "Christós ou Ungido" duma época bem recente.Em sua homenagem partilharemos neste espaço textos e preces que nos aproximem da grandiosa Fonte do Amor e da Luz. Bem-vindos a este espaço de Paz
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
As trevas são a rejeição de Deus
Para entender esta visão
“tenebrosa” do mundo devemos vê-la como, por sua própria escolha, privada da
luz de Cristo e oposta à vontade do Pai. Mas a matéria como tal não é
“tenebrosa” e, por sua própria natureza, “não se opõe a Deus”. A treva do mundo
não se acha na sua materialidade, mas no pecado de vontades egoístas que
rejeitaram o amor de Deus.
Thomas Merton
quarta-feira, 24 de outubro de 2018
Viver em Cristo
“Viver ‘em Cristo’ é
viver em um mistério igual ao da Encarnação e semelhante a Ele.
Pois assim como Cristo
tem em sua pessoa as duas naturezas, divina e humana, ao nos fazer seus amigos,
Ele habita em nós, unindo-nos intimamente a si. Habitando em nós, Cristo se
torna, por assim dizer, nosso eu superior pois uniu e identificou a si o nosso
eu mais íntimo.
A partir do momento em
que, pela fé e pela caridade, correspondemos ao seu amor por nós, uma união
sobrenatural de nossas almas com a Pessoa divina de Cristo, que habita em nós,
nos faz partícipes de sua Divina filiação e natureza. Um novo ser começa a
existir. Torno-me um ‘novo homem’ e esse novo homem, espiritual e misticamente
uma só identidade, é, ao mesmo tempo, Cristo e eu.
O Novo Testamento e a
doutrina da igreja explicam à inteligência de quem crê que essa união
espiritual do meu ser com Cristo em um ‘novo homem’ é obra do Espírito Santo, o
Espírito de amor, Espírito de Cristo.”
Thomas Merton
terça-feira, 9 de outubro de 2018
A rejeição de Cristo
A rejeição
de Cristo. Os seus não o receberam.
A coisa mais
terrível a respeito da rejeição de Jesus foi ter sido rejeitado pelos santos, e
rejeitado porque era Deus!
Os Fariseus
rejeitaram Deus porque Ele não era Fariseu.
Os Fariseus
nada quiseram ter com Deus porque Deus mostrou que não era feito à própria
imagem deles! ‘Eu vim em nome do meu Pai e vós não me recebeis; se vier outro
em seu próprio nome, haveis de recebe-lo’. (Jo 5,43).
O que está
implícito na expressão ‘em nome de meu Pai’? Jesus quando veio a nós nada tinha
de Seu. Não apenas não tinha lugar onde descansar a cabeça, não somente estava
pobre na terra, mas explica que o fato de Sua origem divina significa que Ele
nada tem de Seu. E todavia, Ele é tudo. (...) A prova de nossa amizade e
admiração por Deus está na maneira como recebemos Aquele que não pode vir a nós
em Seu próprio nome.
Aqueles que
vivem por si, que vivem ‘por seu próprio nome’, não podem acreditar em tal Deus
porque Ele contraria tudo aquilo em que acreditam e por que vivem. Não se
dirigirão e Ele para receberem vida porque Ele não recebe glória dos
homens. Claritatem ab hominibus non accipio*.
Thomas
Merton
terça-feira, 11 de setembro de 2018
A FONTE DE TODA A VERDADE
A FONTE DE TODA A
VERDADE
“Ao escrever sua Regra
para Monges, São Bento de Núrsia o fazia para homens cujo único fim na vida era
Deus. Haverá, afinal, outro fim para alguém? Todos os homens buscam a Deus,
ainda que não o saibam. São Paulo já o dissera aos habitantes de Atenas: ‘O Deus
que fez o mundo e todas as coisas que há nele... fez toda a linhagem humana,
para povoar toda a face da Terra. Fixou as estações e os confins dos povos,
para que procurem a Deus e, mesmo às apalpadelas, o achem, pois Ele não está
longe de nós, porquanto nele vivemos e nos movemos e existimos’ (At 17, 24-28).
Mesmo aqueles que dizem não acreditar em Deus buscam-no pelo próprio fato de o
negarem; pois não lhe negariam a existência se não acreditassem ser verdadeira
a sua negação: Ora, Deus é a fonte de toda a verdade.”
“Ao escrever sua Regra
para Monges, São Bento de Núrsia o fazia para homens cujo único fim na vida era
Deus. Haverá, afinal, outro fim para alguém? Todos os homens buscam a Deus,
ainda que não o saibam. São Paulo já o dissera aos habitantes de Atenas: ‘O Deus
que fez o mundo e todas as coisas que há nele... fez toda a linhagem humana,
para povoar toda a face da Terra. Fixou as estações e os confins dos povos,
para que procurem a Deus e, mesmo às apalpadelas, o achem, pois Ele não está
longe de nós, porquanto nele vivemos e nos movemos e existimos’ (At 17, 24-28).
Mesmo aqueles que dizem não acreditar em Deus buscam-no pelo próprio fato de o
negarem; pois não lhe negariam a existência se não acreditassem ser verdadeira
a sua negação: Ora, Deus é a fonte de toda a verdade.”
Thomas Merton
quinta-feira, 2 de agosto de 2018
A verdadeira contemplação é…
A
verdadeira contemplação é…inseparável da vida e do dinamismo da vida - que
inclui trabalho, criação, produção, fecundidade e sobretudo amor. Não se deve
pensar em contemplação como uma área separada da vida, isolada de todos os
demais interesses do homem e sobrepujando-os. A contemplação é a própria
plenitude de uma vida inteiramente integrada. E o coroamento da vida e de todas
as actividades da vida.
Thomas
Merton
terça-feira, 24 de julho de 2018
(Escrito há mais de 50 anos...) A criação que não respeita o Criador nem a si mesma não tem razão para a existência.
"Saberemos o que significa louvar,
adorar, da glória?
Hoje em dia, 'louvar' não é coisa que custe por aí além. Tudo é louvado, desde o sabão à cerveja, da pasta de dentes às roupas, dos colutórios às estrelas de cinema e a todo tipo de aparelhagem que, assim se crê, há-de tornar-nos a vida mais cómoda. A tal ponto e com tal insistência sobem de tom os encómios, que não há quem se não sinta enfartado deles.
Hoje em dia, 'louvar' não é coisa que custe por aí além. Tudo é louvado, desde o sabão à cerveja, da pasta de dentes às roupas, dos colutórios às estrelas de cinema e a todo tipo de aparelhagem que, assim se crê, há-de tornar-nos a vida mais cómoda. A tal ponto e com tal insistência sobem de tom os encómios, que não há quem se não sinta enfartado deles.
Uma vez que tudo é louvado (com tão
falsos entusiasmos, como os dos locutores de rádio), forçoso é concluir que, ao
fim e ao cabo, nada é louvado. O louvor converteu-se em algo vazio e
desinteressante.
Sobrou algum superlativo para Deus? Não; todos foram gastos nos géneros alimentícios, nos falsos remédios. Não ficou nenhuma palavra para exprimir a nossa adoração ao único que é Santo, ao único que é Senhor."
Sobrou algum superlativo para Deus? Não; todos foram gastos nos géneros alimentícios, nos falsos remédios. Não ficou nenhuma palavra para exprimir a nossa adoração ao único que é Santo, ao único que é Senhor."
Thomas Merton
quinta-feira, 5 de julho de 2018
Despertar Contemplativo
"Pelo simples fato de todos os homens buscarem
instintivamente, de um modo ou de outro, o despertar de seu verdadeiro eu
interior, todas as formas sociais válidas de religião procuram, de alguma
maneira, propiciar uma situação tal em que cada membro do grupo de adoradores
possa elevar-se acima do grupo e acima de si mesmo para encontrar a si e aos
demais em um nível superior. Isso implica que todas as formas verdadeiramente
sérias e espirituais de religião aspiram, ao menos implicitamente, a um
despertar contemplativo do indivíduo e do grupo. Mas as formas de religião e
adoração litúrgica que perderam o impulso inicial do fervor tendem a esquecer
cada vez mais seu propósito contemplativo, passando a dar importância exclusiva
aos ritos e às formas cerimoniais por si mesmos ou pelo efeito que se espera
que causem no Ser adorado."
Thomas Merton
terça-feira, 19 de junho de 2018
A Oração do Coração
"…introduz-nos
no profundo silêncio interior, de
maneira que aprendemos a experimentar seu poder. Por esse motivo, a oração do
coração deve ser sempre muito simples, limitando-se aos actos mais simples e
frequentemente não empregando nem palavras nem pensamentos"
Thomas
Merton
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Crescer no Conhecimento É crescer no Amor
Crescer no
Conhecimento e no Amor
Se
amamos o Santíssimo Sacramento e se nos comprazemos em passar o nosso tempo na
adoração desse formidável mistério de amor, não podemos deixar de procurar
aprofundar cada vez mais a caridade de Cristo. Não podemos tampouco deixar de
chegar a um conhecimento íntimo e pessoal de Jesus oculto sob os véus
sacramentais. Entretanto, à medida que crescemos no conhecimento e no amor
dele, necessariamente aumentará o nosso conhecimento do amor que Ele tem por
nós.
Chegamos
a compreender cada vez melhor com que seriedade Jesus quer que tomemos o seu
'mandamento novo' de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou."
Thomas Merton
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
Esvaziando a vontade
"É verdade termos de tratar com Deus, a maior
parte do tempo, como se fora Ele um 'objeto', isto é, considerando-O por
conceitos que O apresentam a nós objectivamente. No entanto, como todos sabem,
só conseguimos conhecer realmente a Deus quando O encontramos, 'pelo amor',
escondido 'em nós', isto é, 'por conaturalidade'. Todavia, paradoxalmente,
não podemos achar a Deus 'dentro de nós mesmos' se não 'saímos de nós mesmos'
pelo sacrifício. Só um amor sacrifical que nos torne capazes de nos largarmos
a nós mesmos inteiramente, esvaziando-nos de nossa própria vontade, pode
habilitar-nos a encontrar o Cristo no lugar ocupado anteriormente pelo nosso
próprio 'eu'."
Thomas Merton
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terça-feira, 16 de janeiro de 2018
As sementes aladas
As sementes aladas |
Cada
momento e cada acontecimento na vida de cada homem na terra planta algo em
sua alma. Pois, assim como o vento leva milhares de sementes aladas, assim
também cada instante traz consigo germes de vitalidade espiritual que vão
pousar imperceptivelmente no espírito e na vontade dos homens.
Thomas Merton
Que assim seja!...
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terça-feira, 9 de janeiro de 2018
Tão secreto quanto Deus
Tão
secreto quanto Deus
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"O eu
interior é tão secreto quanto Deus e, como Ele, escapa a todo conceito que
pretenda captá-lo completa e totalmente; é uma vida que não pode ser tomada e
estudada como um objecto, porque não é 'uma coisa'. Não se pode alcançá-lo,
nem persuadi-lo a se manifestar por nenhum processo natural, mesmo a
meditação. Tudo que podemos fazer, por meio de qualquer disciplina
espiritual, é produzir em nós mesmos algo de silêncio, de humildade, de
desapego, de pureza de coração e impassibilidade, que são elementos necessários
para que o eu interior nos dê uma tímida e imprevisível manifestação de sua
presença."
Thomas
Merton
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