quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

A Solidão


Se temos medo de ficar sozinhos, medo do silêncio, talvez seja em virtude de nossa secreta desesperança de reconciliação íntima. Se não temos a esperança de ficar em paz conosco em nossa própria solidão e em nosso silêncio pessoal, jamais seremos capazes de nos encarar: continuaremos correndo sem parar. E essa fuga do eu é, como indicou o filósofo suíço Max Picard, uma "fuga de Deus". Afinal de contas, é nas profundezas da consciência que Deus fala, e, se recusamos a nos abrir por dentro e a olhar essas profundezas, também recusamos nos confrontar com o Deus invisível presente dentro de nós. Essa recusa é uma admissão parcial de que não queremos que Deus seja Deus, assim como não queremos que nós mesmos sejamos nossos eus verdadeiros.


Thomas Merton

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Propósito para um novo ano - Thomas Merton




"Agradamos a Deus não por nossos sentimentos de fervor, e sim pelo sacrifício de nossa vontade própria. Não são nossas palavras doces que Ele quer, mas o nosso amor, em actos e em verdade."

Thomas Merton

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Faz hoje 50 anos que a voz deste Ser notável silenciou

As trevas são a rejeição de Deus



Para entender esta visão “tenebrosa” do mundo devemos vê-la como, por sua própria escolha, privada da luz de Cristo e oposta à vontade do Pai. Mas a matéria como tal não é “tenebrosa” e, por sua própria natureza, “não se opõe a Deus”. A treva do mundo não se acha na sua materialidade, mas no pecado de vontades egoístas que rejeitaram o amor de Deus.

Thomas Merton


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Viver em Cristo



“Viver ‘em Cristo’ é viver em um mistério igual ao da Encarnação e semelhante a Ele.
Pois assim como Cristo tem em sua pessoa as duas naturezas, divina e humana, ao nos fazer seus amigos, Ele habita em nós, unindo-nos intimamente a si. Habitando em nós, Cristo se torna, por assim dizer, nosso eu superior pois uniu e identificou a si o nosso eu mais íntimo.
A partir do momento em que, pela fé e pela caridade, correspondemos ao seu amor por nós, uma união sobrenatural de nossas almas com a Pessoa divina de Cristo, que habita em nós, nos faz partícipes de sua Divina filiação e natureza. Um novo ser começa a existir. Torno-me um ‘novo homem’ e esse novo homem, espiritual e misticamente uma só identidade, é, ao mesmo tempo, Cristo e eu.
O Novo Testamento e a doutrina da igreja explicam à inteligência de quem crê que essa união espiritual do meu ser com Cristo em um ‘novo homem’ é obra do Espírito Santo, o Espírito de amor, Espírito de Cristo.”

Thomas Merton


terça-feira, 9 de outubro de 2018

A rejeição de Cristo


A rejeição de Cristo. Os seus não o receberam.

A coisa mais terrível a respeito da rejeição de Jesus foi ter sido rejeitado pelos santos, e rejeitado porque era Deus!

Os Fariseus rejeitaram Deus porque Ele não era Fariseu.

Os Fariseus nada quiseram ter com Deus porque Deus mostrou que não era feito à própria imagem deles! ‘Eu vim em nome do meu Pai e vós não me recebeis; se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebe-lo’. (Jo 5,43).

O que está implícito na expressão ‘em nome de meu Pai’? Jesus quando veio a nós nada tinha de Seu. Não apenas não tinha lugar onde descansar a cabeça, não somente estava pobre na terra, mas explica que o fato de Sua origem divina significa que Ele nada tem de Seu. E todavia, Ele é tudo. (...) A prova de nossa amizade e admiração por Deus está na maneira como recebemos Aquele que não pode vir a nós em Seu próprio nome.

Aqueles que vivem por si, que vivem ‘por seu próprio nome’, não podem acreditar em tal Deus porque Ele contraria tudo aquilo em que acreditam e por que vivem. Não se dirigirão e Ele para receberem vida porque Ele não recebe glória dos homens. Claritatem ab hominibus non accipio*.

Thomas Merton

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A FONTE DE TODA A VERDADE




A FONTE DE TODA A VERDADE

“Ao escrever sua Regra para Monges, São Bento de Núrsia o fazia para homens cujo único fim na vida era Deus. Haverá, afinal, outro fim para alguém? Todos os homens buscam a Deus, ainda que não o saibam. São Paulo já o dissera aos habitantes de Atenas: ‘O Deus que fez o mundo e todas as coisas que há nele... fez toda a linhagem humana, para povoar toda a face da Terra. Fixou as estações e os confins dos povos, para que procurem a Deus e, mesmo às apalpadelas, o achem, pois Ele não está longe de nós, porquanto nele vivemos e nos movemos e existimos’ (At 17, 24-28). Mesmo aqueles que dizem não acreditar em Deus buscam-no pelo próprio fato de o negarem; pois não lhe negariam a existência se não acreditassem ser verdadeira a sua negação: Ora, Deus é a fonte de toda a verdade.”
“Ao escrever sua Regra para Monges, São Bento de Núrsia o fazia para homens cujo único fim na vida era Deus. Haverá, afinal, outro fim para alguém? Todos os homens buscam a Deus, ainda que não o saibam. São Paulo já o dissera aos habitantes de Atenas: ‘O Deus que fez o mundo e todas as coisas que há nele... fez toda a linhagem humana, para povoar toda a face da Terra. Fixou as estações e os confins dos povos, para que procurem a Deus e, mesmo às apalpadelas, o achem, pois Ele não está longe de nós, porquanto nele vivemos e nos movemos e existimos’ (At 17, 24-28). Mesmo aqueles que dizem não acreditar em Deus buscam-no pelo próprio fato de o negarem; pois não lhe negariam a existência se não acreditassem ser verdadeira a sua negação: Ora, Deus é a fonte de toda a verdade.”

Thomas Merton