Se
temos medo de ficar sozinhos, medo do silêncio, talvez seja em
virtude de nossa secreta desesperança de reconciliação íntima. Se
não temos a esperança de ficar em paz conosco em nossa própria
solidão e em nosso silêncio pessoal, jamais seremos capazes de nos
encarar: continuaremos correndo sem parar. E essa fuga do eu é, como
indicou o filósofo suíço Max Picard, uma "fuga de Deus".
Afinal de contas, é nas profundezas da consciência que Deus fala,
e, se recusamos a nos abrir por dentro e a olhar essas profundezas,
também recusamos nos confrontar com o Deus invisível presente
dentro de nós. Essa recusa é uma admissão parcial de que não
queremos que Deus seja Deus, assim como não queremos que nós mesmos
sejamos nossos eus verdadeiros.
Thomas Merton
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