Quando se destrói
o amor destruímo-nos a nós mesmos
Em certo
sentido, esta situação terrível é o padrão e protótipo de todo o pecado: a
vontade deliberada e formal de rejeitar o amor desinteressado por nós pela
razão puramente arbitrária de simplesmente não o querermos. Queremos
separar-nos desse amor. Nós o rejeitamos total e absolutamente e não queremos
reconhecê-lo, simplesmente por que não nos agrada ser amados. Talvez o motivo
mais profundo é que o facto de sermos amados desinteressadamente nos lembre de
que todos precisamos do amor dos outros para levar avante nossa vida. Recusamos
o amor e rejeitamos o convívio, à medida que isto parece à nossa perversa
imaginação, implicar uma forma obscura de humilhação, dado que é nosso ego,
nossa personalidade, portadora da consciência da separação, ela é que rejeita,
tantas vezes, esse amor desinteressado, em razão de colocar em xeque a sua
prepotência. Na verdade, penso, o amor dos outros e o amor aos outros é sempre
o amor do mesmo pelo mesmo, pois só no nível da aparência é que somos
múltiplos. Somos, de fato, UM, mas nosso ego nos engana. O UM que somos é AMOR,
raiz de toda vida, de toda forma, de tudo aquilo que existe.
The Seven Story Mountain, de Thomas Merton
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