“Na leitura, por exemplo, passamos de
um pensamento a outro, seguimos o desenvolvimento das ideias do autor e, se
lermos bem, contribuímos com algumas ideias
próprias. Essa actividade é discursiva. A leitura se torna contemplativa
quando, em vez de raciocinar, abandonamos a sequência dos pensamentos do autor,
não só para seguir nossos próprios pensamentos (meditação), mas simplesmente
para erguer-nos acima do pensamento e penetrar no mistério da verdade, que é
vivido intuitivamente como presente e real.
A intuição contemplativa da realidade
é uma percepção de valor: não uma percepção intelectual ou especulativa, mas
prática e vivencial. Não é só uma questão de observar, mas de dar-se conta. Não
é algo abstracto e geral, mas particular e concreto. É uma captação pessoal do
sentido e valor existencial da realidade.”