domingo, 23 de fevereiro de 2014

A Graça


O fim específico da Graça

“A Graça nos é dada com o fim específico de capacitar-nos a descobrir e realizar nosso si-mesmo mais profundo e mais verdadeiro. Enquanto não descobrirmos este si-mesmo profundo, que está escondido com Cristo em Deus, nunca nos conheceremos realmente como pessoas.”

Thomas Merton




domingo, 16 de fevereiro de 2014





“A chuva sob a qual estou não é como a das cidades. Esta enche a mata de sons imensos e confusos. Cobre o teto plano e a varandinha do chalé com ritmo insistente e controlado. E ouço, porque me recorda uma e outra vez que o mundo todo segue ritmos que ainda não aprendi a reconhecer, ritmos que não são os do engenheiro.”


(a foto é do chalé onde viveu Frei Louis nos últimos anos, inserido na área do Convento)




Céu, quando te ouviremos cantar,
Acima das colinas relvadas,
E dizer: “Fim das trevas, e o Dia
Exulta qual Esposo que sai do tálamo, belo sol,
Sua tenda, o sol; Sua tenda, o sorridente céu!”

O quanto esperamos, com a mente escura como um lago,
Estrelas deslizando para casa na água do nosso ocaso!
Céu, quando te ouviremos cantar?”




Thomas Merton

União e paz no amor


“Só há uma fuga verdadeira do mundo; não é escapar do conflito, da angústia e do sofrimento, mas sim da desunião e da separação, para a união e a paz no amor aos outros homens.”


“O mundo é a cidade inquieta dos que vivem para si e por isto estão divididos uns contra os outros numa luta que não pode ter fim, pois continuará eternamente ”

Novas Sementes de Contemplação, Thomas Merton



domingo, 2 de fevereiro de 2014


Quem é o inimigo e quem somos nós


“As pessoas não são conhecidas apenas pelo seu lado intelectual ou seus princípios, mas principalmente pelo amor. Quando amamos o próximo, o inimigo, aí então obtemos de Deus a chave para uma compreensão de quem seja nosso inimigo e de quem somos nós. É unicamente isto que poderá revelar-nos a natureza real dos nossos deveres e das nossas retas ações.

Quando ignoramos a pessoa e recusamos considerá-la como tal, como um outro eu, estamos lançando mão do ‘direito’ e da ‘natureza’, em sentido impessoal. Em outras palavras, estamos bloqueando a realidade do outro, estamos cortando a intercomunicação da nossa natureza com a dele, e consideramos apenas a nossa natureza, individual, com seus direitos, suas prerrogativas, suas exigências. De fato, contudo, estamos considerando a nossa natureza no concreto e a dele no abstrato. E assim justificamos o mal que fazemos a nosso próximo, pois ele não é considerado mais como um irmão, mas apenas como um adversário, um réu, um ente maligno.

Para restaurar a comunicação, para ver a nossa unidade de natureza com a dele, respeitar os seus direitos pessoais, a sua integridade e o direito de ser amado, temos também de nos encarar como réu, como ele, de sermos condenados à morte com ele, mergulhando no mesmo abismo que ele, necessitando, também como ele, do dom inefável da graça e da misericórdia, de maneira a sermos salvos.”


Seeds of Destruction, de Thomas Merton