domingo, 25 de dezembro de 2016





Ontem caiu a primeira neve de inverno e a noite passada, antes da Missa de meia-noite, alguém me disse, com um furtivo sinal, que a neve estava caindo novamente. Assim, a manhã de hoje está linda, mas não apenas porque há muita neve. Ela está rala como o açúcar no mingau dos monges de menos de vinte e um anos que não podem jejuar, e a grama reponta por debaixo dela, em todos os lugares. Nem está bela a manhã porque o céu brilhe, pois está escuro. Faz bonito dia porque é Natal.
(...) Mas o Natal nos é dado para que possamos amar a espécie de humildade que é amor e inclui contrariedades, dificuldades e todas as outras coisas, com alegria. Talvez Ele me dê alguma parte da alegria que sente em estar na manjedoura. Como posso dizer que O amo até que venha a gostar do que Ele gosta?


Thomas Merton


domingo, 11 de dezembro de 2016



"A renúncia cristã é só o começo de uma divina plenitude. É inseparável da íntima conversão de nosso ser inteiro que se volta de nós mesmos para Deus. É a rejeição da nossa imperfeição, a renúncia da nossa pobreza, para que possamos mergulhar na plenitude das riquezas de Deus e da sua criação, sem recair no nosso próprio nada."

 Thomas Merton 

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Reencontremos o significado e o respeito pela Natividade




“O mistério do Advento, em nossas vidas, é o início e o fim de tudo, em nós, que não seja Cristo. É o começo do fim da irrealidade, e isso é, certamente, causa de alegria! Mas, infelizmente, nós nos agarramos à nossa irrealidade, preferimos a parte ao todo. Continuamos a ser fragmentos, não queremos ser
"um só homem em Cristo".

Thomas Merton


terça-feira, 15 de novembro de 2016



"A renúncia crística é só o começo de uma divina plenitude. É inseparável da íntima conversão de nosso ser inteiro que se volta de nós mesmos para Deus. É a rejeição da nossa imperfeição, a renúncia da nossa pobreza, para que possamos mergulhar na plenitude das riquezas de Deus e da sua criação, sem recair no nosso próprio nada."


 Thomas Merton 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Ir ao encontro de Deus, no outro





Ir ao encontro de Deus, no outro

"Em outras palavras, a vida não é uma linha recta horizontal entre dois pontos, o nascimento e a morte. A vida faz uma curva para cima até um pico de intensidade, um ponto alto de valor e significado, no qual todas as suas potencialidades criativas latentes entram em acção, e a pessoa transcende a si mesma em encontro, resposta e comunhão com uma outra. É para isso que viemos ao mundo - para essa comunhão e essa transcendência de si."

 Thomas Merton 


terça-feira, 1 de novembro de 2016

O amor de Deus é o nosso conhecimento Dele



O conhecimento amoroso de Deus

"A pura fé, aperfeiçoada pelos Dons do Espírito Santo e transfigurada pela caridade, brota nas profundezas da alma e dá-lhe de beber, em segredo, as águas da verdade divina. Essas águas não são meras proposições sobre Deus, mas a própria presença de Deus mesmo. Mas desde o momento em que a nossa contemplação transcende aos claros conceitos, e a inteligência entra nas trevas divinas, o nosso conhecimento de Deus é dominado pelo amor e flui do amor. Isto é tão verdadeiro que muitos Padres da igreja escreveram, como fez o cisterciense Guilherme de S. Thierry, Amor Dei ipsa est notitia: 'O amor de Deus é o nosso conhecimento Dele'. Conquanto teologicamente vaga, esta proposição carrega uma verdade significativa, a que S. João da Cruz dá muita ênfase, e que recebe de S. Tomás de Aquino uma definição precisa."



Thomas Merton

terça-feira, 25 de outubro de 2016



Amor puro e forte






“E é esse o mistério de nossa vocação: que não deixemos de ser homens para nos tornarmos anjos ou deuses, mas que o amor de meu coração de homem se possa tornar o amor de Deus por Deus e pelos homens, e minhas lágrimas humanas possam cair de meus olhos como lágrimas do próprio Deus, porque brotam pela moção de seu espírito no coração de seu filho encarnado. (...) 



Thomas Merton

Quem tem ouvidos que ouça...




"Os impulsos profundos e elementares que conduzem a uma transmutação social têm a sua origem no âmago do coração dos homens cujos pensamentos ainda não foram articulados ou ainda não conseguiram ser ouvidos, e cujas exigências, por conseguinte, são ainda ignoradas, suprimidas e tratadas como se não existissem. Nenhuma revolução existe sem uma voz. A paixão dos oprimidos tem de se fazer ouvida, ao menos entre eles próprios, a despeito da insistência do opressor privilegiado ao afirmar que tais exigências não podem ser reais, nem justas, nem urgentes. Quanto mais é ignorado o clamor dos oprimidos, mais se reforça a si próprio com um poder misterioso que lhe é acrescentado pelo mito, pelo símbolo e pela profecia. Não há revolução sem poetas que sejam também videntes. Não há revolução sem canções proféticas."

Thomas Merton 



quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O "sacerdócio" em cada um de nós


Um sinal para nós

"Deus se dá àqueles que se dão a Ele. A maneira não importa muito, contanto que seja a maneira que Ele escolheu para o nosso caso. Acho que me posso aproximar de Deus tanto por meio do estudo dos áridos problemas da teologia moral, como pela leitura dos mais ardentes textos místicos. Pois é a vontade de Deus que eu, como sacerdote, conheça minha teologia moral. O dever não deve ser enfadonho. O amor pode torná-lo belo e enchê-lo de vida. Enquanto estivermos preocupados em traçar linhas divisórias entre o dever e o prazer no mundo do espírito, estaremos afastados de Deus e de sua alegria."


Thomas Merton

terça-feira, 4 de outubro de 2016


O poder da misericórdia é o poder que nos faz um em Cristo, destruindo todas as divisões.

Thomas Merton 



terça-feira, 20 de setembro de 2016




Estamos sempre viajando

“ Em certo sentido, estamos sempre viajando, e viajando como se não soubéssemos aonde estamos indo.

Em outro sentido, já chegamos.

Não podemos chegar à perfeita posse de Deus nesta vida, e é por isto que estamos viajando e no escuro. Mas já O possuímos pela graça e portanto, neste sentido, já chegamos e habitamos na luz.

Mas como tenho de ir longe para encontrar a Ti em Quem já cheguei!”

Thomas Merton

The Seven Storey Mountain 

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Contemplação

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“A Contemplação não é algo que possamos atingir sozinhos pelo esforço intelectual e o aperfeiçoamento de nossas potências naturais. Não é uma espécie de auto hipnose, resultando da concentração, sobre o nosso próprio ser íntimo, espiritual.
Não é fruto de nosso próprio esforço. É dom de Deus que, em sua misericórdia, completa o trabalho oculto e misterioso da criação em nós, iluminando nosso espírito e nosso coração, despertando em nós a consciência de que somos palavras proferidas em sua Única Palavra, e que o seu Espírito Criador (Creator Spiritus) habita em nós e nós Nele.
 A contemplação é mais do que mera consideração de verdades abstractas sobre Deus. É um despertar, uma apreensão intuitiva com que o amor se certifica da intervenção criadora e dinâmica de Deus em nossa vida quotidiana”


Thomas Merton

quarta-feira, 17 de agosto de 2016






"Está verdadeiramente só quem está escancarado para o céu e para a terra e não está fechado para ninguém.




Thomas Merton


“O ‘deserto’ da contemplação é apenas uma metáfora para explicar o estado de vazio que experimentamos ao abandonar todos os caminhos, esquecer-nos de nós mesmos e assumir o Cristo invisível como nosso caminho.” 


Contemplative Prayer, Thomas Merton





quinta-feira, 23 de junho de 2016




Comum união
 
"Quando estamos unidos a Deus no silêncio e na obscuridade e quando nossas faculdades estão elevadas acima do nível de sua actividade própria, repousando na pura, tranquila, incompreensível nuvem que envolve o presença de Deus, nossa oração e a graça que nos é comunicada tendem, por sua própria natureza, a transbordar, derramando-se invisivelmente sobre todo o Corpo Místico de Cristo. Assim, vivendo invisivelmente ligados, pela união ao Espírito de Deus, nós nos influenciamos uns aos outros, muito mais do que poderíamos imaginar, por nossa própria união com Deus, por nossa vitalidade espiritual nele."


Thomas Merton

terça-feira, 7 de junho de 2016





"Somente quando a nossa actividade procede da base na qual consentimos dissolver-nos ela tem a fertilidade divina de amor e graça. Só então ela atinge realmente os outros em verdadeira comunhão. Muitas vezes nossa necessidade dos outros não é absolutamente amor, mas apenas a necessidade de sermos sustentados em nossas ilusões, assim como sustentamos as dos outros. Mas, quando renunciamos a essas ilusões, então podemos ir ao encontro dos outros com verdadeira compaixão. É na solidão que as ilusões finalmente se dissolvem."


Thomas Merton

quinta-feira, 26 de maio de 2016




"Somente no silêncio e na solidão, na tranquilidade da adoração, na paz reverente da oração, na adoração na qual o ego-eu inteiro silencia e se rebaixa na presença do Deus invisível para receber Sua única Palavra de Amor; somente nessas 'actividades' que são 'não-acções', o espírito desperta verdadeiramente do sonho de uma existência variada, confusa e agitada."

Thomas Merton 


terça-feira, 17 de maio de 2016



Recebei o  Espírito Santo...

"Assim como uma lente concentra os raios do sol num pequenino foco de calor que pode atear fogo a uma folha seca ou a um pedaço de papel, assim o mistério de Cristo no Evangelho concentra os raios da luz de Deus e seu fogo num ponto que  inflama o espírito do homem."

Thomas Merton 


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Thomas Merton: 101 anos

Amor, solidão e verdade





Como podemos redescobrir essa verdade?
Só quando não mais precisarmos buscá-la - pois, enquanto a buscamos, deixamos implícito que a perdemos. Mas, na realidade, reconhecer-nos enraizados na nossa verdadeira base, o amor, é reconhecer que não podemos ser sem ele.
Esse reconhecimento é impossível sem uma solidão pessoal básica."


Thomas Merton



quarta-feira, 30 de março de 2016


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28 de março de 1948. Domingo de Páscoa.


Todas as macieiras floriram na Sexta-feira Santa. Esfriou e choveu, mas hoje está muito claro, com o céu bem limpo. O salgueiro está todo verde. Tudo está em botão.

E, no meu coração, a paz mais profunda, a claridade de Cristo, lúcida e serena e sempre presente como a eternidade. Nessas grandes festas somos levados ao topo de um platô na vida espiritual para termos uma nova visão de tudo. Principalmente na Páscoa. A Páscoa é como o que há de ser, quando, entrando na eternidade, brusca, tranquila e claramente você reconhece seus erros, todos eles, bem como tudo o que fez bem: cada coisa se encaixa em seu lugar."

Thomas Merton


quarta-feira, 16 de março de 2016

Caridade em Cristo


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"A essência propriamente dita do cristianismo é a caridade, a unidade em Cristo. (...) Buscar uma união com Deus que implicasse uma separação completa, em espírito e corpo, do resto da humanidade seria, para um santo cristão, não apenas absurdo, mas também o oposto da santidade.
O isolamento no eu, a inabilidade de sair de si para ir ao outro, significaria a incapacidade para qualquer forma de auto transcendência. Portanto, ser prisioneiro de si mesmo é, na verdade, estar no inferno... Na verdade, o amor é a vida espiritual, sem o qual todos os outros exercícios do espírito, embora elevados, ficam esvaziados de conteúdo e tornam-se meras ilusões. E quanto maior a elevação, mais perigosa a ilusão.
O amor, com certeza, significa muito mais do que um simples sentimento, muito mais que favores ínfimos ou doadores de esmolas rotineiros. Amor significa uma identificação interior e espiritual com o irmão para que ele não se torne um 'objecto' ao 'qual' se 'faz um bem'". 


Thomas Merton


quarta-feira, 9 de março de 2016

Quando a nuvem é mais densa




"O eclipse dos sentidos, eis uma nuvem em que a alma se acostuma a andar às cegas, sem parar nas aparências das coisas mutáveis ou no conteúdo emocional da experiência em seus juízos sobre a verdade e o erro, o bem e o mal. Antes de poder ver o Deus vivo, o espírito deve ser cego até às mais altas percepções e juízos da sua inteligência natural. 
Deve entrar na pura obscuridade, mas esta é pura Luz, é a infinita Luz de Deus mesmo, obscura às mentes finitas."



Thomas Merton


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Misericórdia


"A misericórdia cura tudo. Cura corpos, espíritos, sociedade e história. É a única força que pode realmente curar e salvar. 

É a força que foi trazida ao mundo no grande evento escatológico da Cruz, a fim de que o homem pudesse ser totalmente renovado, e de que o Dasein desesperançado e torturado pela culpa da pessoa humana perdida pudesse se encontrar reconciliado, na liberdade e na misericórdia, com as necessidades e destinos dos outros e do próprio mundo.

A misericórdia cura a raiz da vida, curando nossa existência do desespero Auto devorador que projecta seu próprio mal no outro como uma exigência e uma acusação".



Thomas Merton

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O fundamento da solidão


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"Está verdadeiramente só quem está escancarado para o céu e para a terra e não está fechado para ninguém.

O Amor não é um problema, nem uma resposta a uma pergunta. O Amor não conhece nenhuma pergunta. Ele é a base de tudo, e as questões só surgem na medida em que estamos divididos, ausentes, separados, alienados desse fundamento.

Mas a natureza exacta de nossa sociedade é provocar essa divisão, essa alienação, essa separação, essa ausência. Daí vivermos num mundo no qual, embora o entulhemos com nossas posses, nossos projectos, nossas explorações e nossas maquinarias, nós mesmos estamos ausentes. Daí vivermos num mundo no qual dizemos: ‘Deus está morto’, e dizemos isso, em certo sentido, com razão, por não sermos mais capazes de ter a experiência da verdade de estarmos completamente enraizados e fundamentados em Seu Amor.



Thomas Merton



segunda-feira, 4 de janeiro de 2016





A ETERNIDADE PENETRA NO TEMPO




"Hoje, a eternidade penetra no tempo, e o tempo santificado é levado à eternidade. Hoje, Cristo, em quem foram feitas todas as coisas, no qual todas subsistem, penetra no mundo criado por Ele, para recuperar as almas esquecidas de sua identidade."



 Thomas Merton (Vozes, 1968), pág. 105-106